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19.8.11

Cartas que eu não mando


Eu te escrevo porque pensei em você o dia todo, e quando comecei a chorar pensei em te ligar, pra te falar que quando preciso de alguém eu penso em você. Principalmente quando preciso especificamente de você. Me desculpe pelo lugar-comum-patético, mas acho que sou assim, patética.
Ah boy, estou tão dolorida hoje, tão arrependida. Choro horrores sem nem saber porque. Eu não sei se você compreende essa necessidade, mas eu penso que sim. E mesmo se não, creio que ao menos eu tenho seu colo, estou certa? Oh, eu queria um colo agorinha.
Eu ando me sentindo tão sozinha, sabe? Não só das outras pessoas, mas de mim mesma, estou ausente de mim. Me sinto como se não estivesse sendo a pessoa que eu sempre fui. Eu tenho levado uma vida ridícula, eu tenho sido ridícula, e me sinto tão triste por isso agora. Vê como eu tenho sido patética? Essa palavra não vai me deixar em paz hoje.
E acho que nem eu me deixarei em paz. Fui ver sinônimos para patética: “apaixonada, comovente, confrangedora (me explica o que é isso?), tocante, cruel, trágica”. É vai ver eu estou tudo isso mesmo. Vai ver só estou fazendo tempestade, vai ver é a tempestade que se fez em mim. Não sei, mas dói.
Eu não sei como explicar isso, mas dói muito às vezes ser como eu sou. Vai ver é por isso que não me levo tão a sério. Ironia da vida é eu levar os outros a sério e rir de mim. Me ocorreu agora Clarice “Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira. Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós”.
E eu sei que isso tudo é uma bagunça e tá chato, eu estou terminando, prometo. Eu só quero perder um pouco do meu tempo com você, quem sabe a minha vida inteira. Eu estou apaixonada por você. E eu estou me permitindo, estou me dando ao luxo de errar grande, daqueles erros vergonhosos. Porque eu não quero me arrepender depois. Eu só quero saber se você topa entrar neste barco mesmo eu não sabendo remar? Eu só preciso saber se você topa.

10.4.11

It’s all right man, I’m just bleeding.

É a consciência de uma dor tão grande, tão intensa, que a gente carrega a vida inteira. A dor que não faz sentido e não tem sintomas, apenas um dia surge e sangra. E da mesma forma se vai, como se não precisasse de um por que. É que às vezes existir pesa e a consciência de um tudo tão maior nos deixa insignificantes para nós mesmos. E então não precisamos existir. O mundo continua o mesmo se você parar. Mas você já não é o mesmo. Está tudo bem, anda tudo muito bom, mudei de emprego, encontrei novos amigos, me apaixonei de novo, me arrumo, saio, bebo, rio. Continuo vivendo, está tudo bem. O mundo continua girando. Não sinto pena, não sinto. Pessoas continuam sendo entediantes ou fantásticas, ou me dão sono ou me brilham os olhos.
Sentei ontem sozinha, tanta gente igual rindo e bebendo e eu fora da órbita observando como são todos iguais, nunca serão uma flor em um planeta distante. Já não me prendo mais, não preciso, não vivo por ninguém a não ser por mim, não me importo com as coisas inúteis que pensam, se é a maioria das pessoas hoje em dia sabem pensar. Na comparação entre um beijo e um não beijo, eu prefiro um olhar. Melhor amar calada, tão bonito, tão simples. Eu cuido desse amor todo dia, coloco ao sol, cuido com sorrisos, sonhos, mas é meu, só meu, para ninguém machucar.
Deixa ser. Já não choro mais por mim, a minha dor é surreal diante desta gente que sente fome, sente frio, sente falta. Eu me dôo-me quase sempre e me dôo muito. É assim: a gente se entrega, por mais que não queira e sente esperança o tempo todo, esperamos muito de tudo, de todos, de nós mesmos. E é disso que somos feitos, de dor e de esperança, mas principalmente somos feitos de amor. Mas quem vai admitir? Deixa pra lá, pensar demais às vezes deixa a gente triste e hoje é dia de ser feliz, assim como quase todos desde que eu decidi que seria. O dia tá lindo, tem sol lá fora e a preguiça tá batendo, não liga não, vou dormir um pouco. Daqui a pouco eu vivo, logo eu me sinto viva de novo.

11.3.11

SAUDADE


De vez em quando eu sinto saudades, mas é só de vez em quando. Nem é saudade, é só um pensamento solto de “como foi bom” e passa. É só dar uma assopradinha e a dor vai embora. E se não vai, eu convivo com ela, já me acostumei. Espero que não se importe, mas dei seu nome pra minha saudade.