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22.2.08

Sonhando acordada

É a janela desse quarto iluminado, que mostra nada do outro lado

O breu da noite, a lua que não mostra seu perfil em minha visão

A beleza do mundo no balanço de uma rede de dormir

Se eu fechasse a janela o espaço diminuiria

Mas o mundo se expande em minha cabeça

A vida nasce de novo e se renova e vive a cada instante

Os meus olhos cansados querendo se entregar ao sono

Ou sonhar acordado iluminado em uma noite escura

Que tantos outros sonhadores sentem ou vêem

O que as suas janelas diriam ou a lua que ri de tudo

As estrelas são as crianças do universo

Elas brincam e soltam gargalhadas como guizos no infinito

Meu sonho se perde no espaço voando longe

E uma teia de sonhos vai se formando

Todos os sonhos do mundo se unem numa colcha de estrelas

E eu vôo com meus pensamentos ao vento que sopra

Não se sabe de onde vem, nem o ouso perguntar

A vida é deixar levar pelo vento

Velejar nas torrentes e desaguar no amor

E mergulhar como se nunca fosse buscar o ar novamente


Rafaela Giroto

20.2.08

Para uma noite triste

Às vezes eu preciso encontrar meu país das maravilhas,
voar para longe e esquecer tudo.
Nesses dias a maré sobe e a enxurrada desce pelos meus olhos.
Meu sorriso fica ali escondido, esperando a calmaria,
e quando ela vem, traz um sol bonito.

Se as cores desbotam em preto e branco,
se a noite começa a virar uma eternidade,
eu deito e fecho os olhos.
Canto baixo, cabisbaixa.
Nem a lua aparece nesses dias,
e se aparece é tão bela na minha tristeza.

Melancolia doce e melódica,
ritmada no coração de qualquer romântico.
Embala uma noite de sonhos,
a minha fuga para minha terra escondida.
E um anjo cuida de mim.

Rafaela Giroto

18.2.08

A menina das borboletas

Eu estava sentada à janela, esperando que a minha vida acontecesse como em um passe de mágica. Ao longe eu ouvia o barulho do trem, ritmado, trazendo e levando pessoas, aquelas pessoas que faziam a vida acontecer. E eu continuava ali esperando a minha vida passar diante de mim com flores nos cabelos e um sorriso de pérola e me estendesse a mão e me dissesse “vem, chegou a tua hora”. Mas, o trem já era quase não ouvido, e o sol quis se pôr, quando uma borboleta pousou em meu nariz. Enruguei a face e ela deu uma volta em mim. Acompanhei seu vôo, até ela sair pela porta. Levantei e fiquei vendo ela sumir.

Foi quando mais uma, e outra, e mais outra, e tantas outras borboletas passaram à minha frente. Primeiro me espantei, depois sorri. Corri atrás delas. Segurava na barra do meu vestido, enquanto o caminho de flores se abria à minha frente. Eu ria alto e o bater de asas das borboletas riam comigo. Era a minha vida que acontecia ali e me chamava.

O mato foi ficando alto, o dia escurecia, as borboletas iam se apagando. Me vi no meio de uma aléia de altas árvores, uma borboleta ainda voava à minha frente e eu fui atrás. Era um lago que aparecia à minha frente e duas luas, uma na água, e outra no céu, iluminavam a noite. Fechei os olhos e respirei, como se pudesse sentir tudo aquilo. Ao abrir os olhos um menino surgiu do outro lado, com um cachorro do seu lado.

Olhei para ele e ele ficou olhando para mim. Até seu cachorro vir e pular em cima de mim, me derrubando. O garoto correu, afastou o cachorro e me pediu desculpas. Eu me limitei a sorrir, olhando, encantada, a constelação que brilhava nos olhos dele, enquanto ele olhava para o céu.

- Eu vim seguindo estrelas até aqui, elas riam para mim. – comentou ainda com os olhos voltados para o céu.

- Foram as borboletas que me trouxeram aqui, mas elas se foram... – abaixei os olhos, observando meus pés.

Pensei na minha casa, ficara para trás, eu não lembrava o caminho muito bem. É, eu estava perdida, tudo porque as borboletas a deixaram ali. Levantei os olhos, procurando os do menino, naquele momento tive medo dele sumir assim como as borboletas.

- Não seja tola, eu não vou sumir. – disse e eu fiquei assustada, me levantei, afastando dele – O que foi? Seu coração está tão dormente assim que não te deixa ouvir os meus pensamentos?

- Como? – não fazia o menor sentido.

- Vejo que se esqueceu. – ele levantou, com um pequeno sorriso no rosto e me abraçou – Ouça seu coração agora e vai entender. Ele ainda bate sabia?

Então eu senti nas minhas pontas dos pés, e nas pontas das mãos, meus braços se arrepiaram e as pernas pareciam querer desmontar. E bem fraquinho até ficar rápido, meu coração disparou, era o seu sinal de vida. Eu podia sentir as estrelas e o olhar dele sobre mim e o seu abraço. Meu coração fez silêncio e eu pude ouvir os pensamentos dele e sussurrado eu ouvi “almas gêmeas nunca morrem”.


Rafaela Giroto

16.2.08

novo lar

É sempre bom aquele cheiro de coisa nova,
a sensação de estar sentindo aquilo pela primeira vez...
O frio na barriga ou os olhos ávidos para registrar tudo.
A garganta vira borboleta e a boca enche d'àgua...
Os pés querem descobrir tudo e é como voar

No final das contas é o sorriso que importa...

Nova casa, novos sonhos...
vou arrumar isso aqui
;*