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5.7.12

"Hojes"


Tenho sentido uma inquietação, como se eu tivesse algo a esperar. Uma eterna espera de sabe-se-lá-o-que que vai mudar a minha vidinha e fazer com que a rotina certinha e devagar acelere e se torne um caos. Eu espero o caos de um sorriso que vai me cegar. De uma mão que vai me apertar forte pra dizer “vamos nos perder juntos”. Porque não existe ontem. Já passou, foi. E o amanhã não é garantia nenhuma. Só me sobra o hoje, e é o que dá pra fazer dele. E não fazemos nada? Só a espera... Não fazemos valer a pena. A gente vive rotina, mas rotina é pouco pra gente. Mas, que essa inquietação nunca passe, que continuemos inconformados e impacientes. Para devorarmos o hoje e nos deliciarmos.  Para abraçarmos o dia e o ontem e o amanhã e todo o tempo que a gente gaste e roube e pegue emprestado. Para que o hoje seja o melhor momento das nossas vidas, em todos os “hojes” que ainda virão.

19.8.11

Cartas que eu não mando


Eu te escrevo porque pensei em você o dia todo, e quando comecei a chorar pensei em te ligar, pra te falar que quando preciso de alguém eu penso em você. Principalmente quando preciso especificamente de você. Me desculpe pelo lugar-comum-patético, mas acho que sou assim, patética.
Ah boy, estou tão dolorida hoje, tão arrependida. Choro horrores sem nem saber porque. Eu não sei se você compreende essa necessidade, mas eu penso que sim. E mesmo se não, creio que ao menos eu tenho seu colo, estou certa? Oh, eu queria um colo agorinha.
Eu ando me sentindo tão sozinha, sabe? Não só das outras pessoas, mas de mim mesma, estou ausente de mim. Me sinto como se não estivesse sendo a pessoa que eu sempre fui. Eu tenho levado uma vida ridícula, eu tenho sido ridícula, e me sinto tão triste por isso agora. Vê como eu tenho sido patética? Essa palavra não vai me deixar em paz hoje.
E acho que nem eu me deixarei em paz. Fui ver sinônimos para patética: “apaixonada, comovente, confrangedora (me explica o que é isso?), tocante, cruel, trágica”. É vai ver eu estou tudo isso mesmo. Vai ver só estou fazendo tempestade, vai ver é a tempestade que se fez em mim. Não sei, mas dói.
Eu não sei como explicar isso, mas dói muito às vezes ser como eu sou. Vai ver é por isso que não me levo tão a sério. Ironia da vida é eu levar os outros a sério e rir de mim. Me ocorreu agora Clarice “Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira. Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós”.
E eu sei que isso tudo é uma bagunça e tá chato, eu estou terminando, prometo. Eu só quero perder um pouco do meu tempo com você, quem sabe a minha vida inteira. Eu estou apaixonada por você. E eu estou me permitindo, estou me dando ao luxo de errar grande, daqueles erros vergonhosos. Porque eu não quero me arrepender depois. Eu só quero saber se você topa entrar neste barco mesmo eu não sabendo remar? Eu só preciso saber se você topa.

10.4.11

It’s all right man, I’m just bleeding.

É a consciência de uma dor tão grande, tão intensa, que a gente carrega a vida inteira. A dor que não faz sentido e não tem sintomas, apenas um dia surge e sangra. E da mesma forma se vai, como se não precisasse de um por que. É que às vezes existir pesa e a consciência de um tudo tão maior nos deixa insignificantes para nós mesmos. E então não precisamos existir. O mundo continua o mesmo se você parar. Mas você já não é o mesmo. Está tudo bem, anda tudo muito bom, mudei de emprego, encontrei novos amigos, me apaixonei de novo, me arrumo, saio, bebo, rio. Continuo vivendo, está tudo bem. O mundo continua girando. Não sinto pena, não sinto. Pessoas continuam sendo entediantes ou fantásticas, ou me dão sono ou me brilham os olhos.
Sentei ontem sozinha, tanta gente igual rindo e bebendo e eu fora da órbita observando como são todos iguais, nunca serão uma flor em um planeta distante. Já não me prendo mais, não preciso, não vivo por ninguém a não ser por mim, não me importo com as coisas inúteis que pensam, se é a maioria das pessoas hoje em dia sabem pensar. Na comparação entre um beijo e um não beijo, eu prefiro um olhar. Melhor amar calada, tão bonito, tão simples. Eu cuido desse amor todo dia, coloco ao sol, cuido com sorrisos, sonhos, mas é meu, só meu, para ninguém machucar.
Deixa ser. Já não choro mais por mim, a minha dor é surreal diante desta gente que sente fome, sente frio, sente falta. Eu me dôo-me quase sempre e me dôo muito. É assim: a gente se entrega, por mais que não queira e sente esperança o tempo todo, esperamos muito de tudo, de todos, de nós mesmos. E é disso que somos feitos, de dor e de esperança, mas principalmente somos feitos de amor. Mas quem vai admitir? Deixa pra lá, pensar demais às vezes deixa a gente triste e hoje é dia de ser feliz, assim como quase todos desde que eu decidi que seria. O dia tá lindo, tem sol lá fora e a preguiça tá batendo, não liga não, vou dormir um pouco. Daqui a pouco eu vivo, logo eu me sinto viva de novo.

11.3.11

SAUDADE


De vez em quando eu sinto saudades, mas é só de vez em quando. Nem é saudade, é só um pensamento solto de “como foi bom” e passa. É só dar uma assopradinha e a dor vai embora. E se não vai, eu convivo com ela, já me acostumei. Espero que não se importe, mas dei seu nome pra minha saudade.

20.12.10

Vem ser feliz...

"Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Presta atenção. São miúdos, mas constantes"
[Pe. Fábio de Melo]


Eu acredito muito, em muita coisa. Estou feliz sabe? Cada vez mais acredito que sou uma pessoa feliz. Tenho vontade de escrever como se as palavras brotassem no peito, lá no fundo. Me dizendo “Vá ser feliz! Vá ser feliz!”. E eu tenho rido como nunca, um riso aberto, pra fora. Perturbando seus ouvidos e seus olhos, te irritando com minha felicidade exagerada. Mas me deixa, deixa eu ser feliz assim, me faz bem sabe? E eu quero muito te fazer bem também. Estou me sentindo viva como há tempos atrás, como se cada cicatriz tivesse valido a pena. E valeu. Passar por tantos momentos duros e pessoas indiferentes, para poder me encontrar e me ver mais forte, mais crente, mais confiante. Para poder ser mais eu e então mudar de novo, acreditar em outra coisa, se preparar para o próximo salto. Estou como aquela loja que diz “Vem ser feliz!”. E por que não? Então vem.

20.11.10

Das paixões platônicas

Imagino você, nós dois, um só. Imagino a cara que você faz quando acorda. Imagino o gemido que faz de satisfação. Imagino o seu sorriso de perto. Imagino seu sorriso de longe ao me ver. Imagino o seu cheiro atrás da orelha. Imagino o seu gosto. Imagino sua língua, seu peito, seus pés. Imagino nossos filhos. Imagino você e eu. Imagino nós. Imagino você me imaginando. Me imagino.

19.11.10

Can't go back now


You know there will be days when you're so tired that you can't take another step / The night will have no stars and you'll think you've gone as far as you will ever get / You and me walk on, walk on, walk on, 'Cause you can't go back now



♫ Can't go back now - The Weepies


Eu estou cansada de me jogar, porque quando você pula, descobre que não tem rede nenhuma lá. Não tem ninguém pra te segurar. É cansativo construir pontes que não te levam a lugar algum, atravessando rios e tempestades, e não encontrar um porto. Não tem cais nenhum para descansar. É cansativo fazer viagens, e aprender sempre a partir e a deixar, sem ter ninguém para voltar. Não há ninguém te esperando lá. Cansa a passagem do tempo, na dança dos dias da vida e você percebe que não sabe dançar. Não tem ninguém para fazer par.
Sabe, não tem ninguém para conduzir, ninguém para te levar, não tem para onde ir, nem onde parar. É só seguir em frente, e seguir, e seguir. Mas para onde? Por favor, alguém sabe me dar alguma informação? Eu não sei para onde estou indo, peguei o trem errado dizem que este vai direto para a saudade, e eu não quero ir para lá.
Eu estou cansada de mudar, e das revoluções, e dos grandes propósitos. Estou cansada de querer tudo, querer sempre, querer mais. Eu quero menos, bem menos. Um chá, por favor. Vou sentar um pouco, tenho corrido demais por vinte anos. Fugindo sempre. Mas de que? De quem? De mim.
Tem o Eu que me persegue, me diz para pegar um pouco mais leve, para ficar um pouco mais no raso, não esquecer de levar a blusa, se esquivar da tempestade. Ela me olha com aqueles olhos enormes e pergunta “E então, quando você vai parar de fazer bagunça?”. Talvez agora, talvez agora. Estou ficando cansada, eu só quero descansar.